Ainda na década de 1980, astrônomos descobriram que os buracos negros em nossa galáxia estão em chamas com direito a raios eletromagnéticos tremulantes, segundo o California Institute of Technology. Essa tremulação seguiria um padrão pré-determinado, tornando-se muito mais rápido alguns meses antes de parar completamente. Hoje, quase 30 anos depois, eles desvendaram o mistério de como os buracos negros distorcem o tempo espaço.
Calma aí, ficou confuso? Então vamos lá.
Aquele fenômeno descoberto nos anos 1980 foi chamado de Oscilação Quase Periódica. Os astrônomos suspeitavam que ela acontecia em função da distorção do espaço-tempo que Albert Einstein previu em sua Teoria da Relatividade Geral.
Adam Ingram, um dos cientistas responsáveis pelo estudo A quasi-periodic modulation of the iron line centroid energy in the black hole binary H1743−322, publicado recentemente no boletim da Royal Astronomical Society, explica que o que ocorre é mais ou menos como uma colher sendo girada no mel. “Imagine que o mel é o espaço e que qualquer coisa contida no mel será arrastada pela colher girando. Na realidade, isso significa que quer coisa orbitando um objeto girando terá seu movimento afetado”, diz.
Até então, os cientistas não tinham uma prova direta de que a Oscilação Quase Periódica vinha desta distorção do tempo-espaço. Até agora.
Com a ajuda de um telescópio NuSTAR, a equipe visualizou uma banda de gás em espiral e poeira ao redor do buraco negro, chamado disco de acreção. Os raios eletromagnéticos saindo do disco de acreção foram influenciados pelo efeito Doppler, como acontece quando as ondas sonoras passam por você. É como as ondas sonoras de uma sirene de ambulância soam realmente altas conforme a ambulância se aproxima e depois parecem desaparecer depois que passam por nós.
Neste caso, o efeito Doppler significa que os raios eletromagnéticos que estão girando para longe de nós ao redor do disco de acreção foram esticados, fazendo a luz parecer mais vermelha e os raios eletromagnéticos girando em nossa direção foram encolhidos, fazendo com que a luz parecesse mais azul.
Essa esticada e diminuída criam um efeito tremulante conforme o raio eletromagnético viaja pelo buraco negro, girando próximo ao seu centro. Esse padrão se alinha com a Teoria da Relatividade Geral de Einstein.
Os cientistas agora estão medindo diretamente o movimento da matéria em uma forte campo gravitacional próximo a um buraco negro. Essa técnica permitirá aos astrônomos mapearem a matéria em discos de acreção ao redor de buracos negros, além de proporcionar uma forma de testarem a teoria de Einstein conforme o mesmo padrão for observado em outros buracos negros.