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Volte alguns milhares de anos no tempo, 70 mil para sermos mais exatos. Sabe qual o impacto que os seres humanos tinham na Terra nesse período? Nenhum. Bem diferente de alguns milhares de anos para cá, não?

A pergunta, então, é como o homem deixou de ser irrelevante para simplesmente dominar o mundo?

Do ponto de vista do historiador Yuval Noah Harari, individualmente não somos diferentes de um chimpanzé, sem grandes qualidades que nos destaquem no reino animal. Nos coloque em grupos, entretanto, e tudo muda: o ser humano é o único animal capaz de cooperar entre si, com flexibilidade e em grandes grupos.

Pense bem: todas as grandes conquistas da humanidade foram possíveis graças à nossa habilidade de contribuir uns com os outros. É claro que essa cooperação nem sempre é fácil ou agradável – quem já teve de fazer trabalhos em grupo na escola ou na faculdade sabe bem disso – mas no final tudo dá certo porque a gente consegue se adaptar.

E isso serve tanto para as coisas legais que o ser humano já fez, como também as ruins.

Daí vem outra pergunta: como afinal a gente faz isso na prática?

Com a imaginação. Sério.

Enquanto outros animais são seres objetivos, e enxergam o mundo de uma maneira simples e direta – tipo árvore é árvore, comida é comida, água é água e por aí vai -, o ser humano tem a capacidade de usar a imaginação para criar e acreditar em histórias, entidades fictícias que servem para representar elementos religiosos, jurídicos, políticos e econômicos, entre outros.

Se todos nós acreditamos nessas coisas, elas então passam a fazer sentido e se tornam reais.

O melhor exemplo dessas entidades fictícias – e também o mais bem-sucedido deles – é o dinheiro. Nem todo mundo acredita em determinada religião, mas é certo que todo mundo acredita no dinheiro.

Para Harari, o ser humano controla o mundo porque vive em uma realidade dupla, que engloba tanto a objetiva quanto a fictícia. Em resumo, se a gente acredita na mesma mentira, a gente consegue viver em grupo. Sacou?