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Pois é, tudo o que você leu por aí nas últimas décadas é balela. Nada de Guerra do Vietnã, Guerra do Golfo ou Guerra ao Terror. Nāo dê atençāo aos títulos vendedores de jornal.

Na prática, a última vez que o país formalmente declarou guerra foi em 1942, quando o Congresso americano autorizou a declaraçāo contra a Bulgária, Hungria e a Romênia durante a Segunda Guerra Mundial.

Confuso?

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Oficialmente, desde entāo o Congresso americano somente autorizou intervenções militares, sem realmente declarar guerra a algum país. Mantendo, assim, seu histórico como grande ganhador de guerras.

Depois da Segunda Guerra, a relação entre os países se tornou mais pacífica, graças a globalização e as dependências comerciais. Hoje, cerca de 91% dos conflitos armados sāo guerras civis.

E neste cenário, os inimigos americanos deixaram de ser países e se tornaram causas. A primeira foi impedir que o comunismo se espalhasse, e a segunda lutar contra o terrorismo – ou pelo domínio do petróleo, como alguns teimam em afirmar.

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Usando estas causas como justificativa, os Estados Unidos fizeram diversas intervenções para ajudar um dos lados do conflito e garantir interesses próprios. O custo disso é que só na Guerra da Coréia foram perdidas 37 mil vidas, e hoje ela é o país que mais investe porcentagem do seu PIB em recursos militares, totalizando US$500 bilhões ao ano.

O curioso é que mesmo sendo o exército mais poderoso do mundo, os militares americanos não foram tāo bem-sucedidos nas intervençōes quanto eles foram em guerras contra países.

Após a Segunda Guerra, o país se envolveu em 5 grandes conflitos: Vietnã, Coréia, Guerra do Golfo, Iraque e Afeganistão, e dessas, só saiu vitorioso mesmo na Guerra do Golfo.

Daí você pergunta: como assim, o país que mais investe nos militares e tem as forças armadas mais poderosas do mundo não consegue ganhar os conflitos em que entra?

Simples: é mais fácil lutar contra um país com um exército e comandantes do que contra civis que estão lutando em seu próprio território, estão dispostos a morrer por uma causa e conseguem facilmente se disfarçar no meio da população de onde moram.

Onde antes era necessário atacar navios, bases militares e conquistar cidades, hoje é preciso ir atrás de líderes escondidos em abrigos remotos nas montanhas de países como o Afeganistão. O fato de o inimigo estar cada vez mais descentralizado exige não só novas táticas, como novas interpretações do que é uma guerra.

O fato de os americanos terem 187 mil soldados no Iraque em 2008  e 100 mil no Afeganistão em 2010 deixou claro que a definição do que é uma guerra estava um pouco desatualizada. Sendo assim, alguns estudiosos resolveram atualizar a definição de guerra para: intervenções militares intensivas incluindo ataque de drones.

Neste cenário, hoje os Estados Unidos estão em guerra em 5 países: Iraque, Afeganistāo, Paquistão, Somália e Iêmen.

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E se for assim, e calcularmos cada intervenção curta ou guerras como a da Coréia ou Vietnã, desde a sua fundação em 1776, os Estados Unidos estiveram em guerra durante 222 dos seus 239 anos, ou seja, em 93% de sua existência.

Agora se você levar bem ao pé da letra esta definiçao de guerra e contabilizar a presença em países estrangeiros de uma das unidades mais clandestinas das forças armadas americanas, as chamadas unidades de Forças de Operações Especiais (SOF), cujas ações incluem aí combates (assassinato de Osama Bin Laden), missões secretas e supostamente em sua maioria treinamento, todas mantidas em extremo segredo, daí o número de países com os quais os Estados Unidos estão em guerra hoje é de 134.

Mas vamos ser otimistas e dizer que eles só estāo em uma guerra, e ela é contra o terror.