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Toda vez que você compra alguma coisa – especialmente produtos perecíveis, como comida – qual a primeira informação que você ensinado a procurar na embalagem? Há grandes chances de ser a data de validade.

Nos Estados Unidos, a ideia de se colocar uma data de validade nos produtos surgiu na década de 1970, resultante do fato que cada vez menos as pessoas cultivavam seus próprios alimentos para comprá-los no supermercado.

Mas, se você não produz o alimento, como você pode saber se eles ainda estão bons para serem consumidos? Foi aí que estes mesmos supermercados resolveram adotar, voluntariamente, um sistema indicando o mês, dia e ano até quando aquele alimento poderia ser consumido. Um deadline útil e sincero, mas chutado.

Só que o negócio foi tão longe, que as pessoas começaram a levar isso a sério e entre 1973 e 1975, 10 leis relacionadas à data de validade dos alimentos apareceram nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, uma norma do Ministério da Saúde tornou obrigatória a inclusão do prazo de validade nos produtos só a partir de 1984.

Alguns produtores de alimentos, então, passaram a enxergar aí uma oportunidade de ampliar seus lucros. Como? Colocando prazos de validade menores em seus produtos, o que fez com que muitas pessoas acreditassem que consumir alguma coisa com a data vencida poderia fazer mal a elas.

Resultado? Um monte de comida que provavelmente ainda poderia ser consumida sem riscos e que vai direto para o lixo, para dar lugar a alimentos mais frescos.

Isso quer dizer que a data de validade de um produto é bobagem? Não é bem assim. A real é que estas datas não estipulam a data em que o produto deve ser descartado, mas serve como uma recomendação para que o consumidor fique atento. Isso ocorre porque o prazo de validade, apesar de importante, não tem uma consistência científica que a torne infalível e definitiva.

E a obrigatoriedade dessa informação foi estipulada no Brasil depois que uma criança morreu após ser contaminada pela bactéria Clostridium botulinum, que causa o botulismo, em um alimento que fazia parte de uma cesta de final de ano de uma empresa.

Tão importante quanto a data de validade são os cuidados na embalagem do produto – um ovo com uma fissura pode facilmente ser contaminado pela samonela – ou até mesmo durante a fabricação, já que um produto mal pressurizado pode ser contaminado por micróbios.

O que poderia, então, tornar esse processo todo mais seguro? Além de uma fiscalização mais ativa, rótulos mais eficientes e com mais informações poderiam ajudar.

Mas, na dúvida, lembre-se de usar seu nariz. Se algo não cheira bem é porque há chances de não estar bom. Agora, se você é aventureiro, experimente. Mas esteja preparado para as consequências, sejam elas boas ou ruins.