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Se você lê ou assiste a The Walking Dead, ou já tenha visto qualquer outro filme que tenha como enfoque principal a dizimação da raça humana, alguns detalhes devem ter chamado a sua atenção. A começar pela comida, ainda que enlatada, mas parece estar imune à expiração da data de validade. Os veículos continuam funcionando, não importa quanto tempo passe, cabendo até um merchandising. Casas, prédios e pontes parecem praticamente intocados, o cenário perfeito para aventuras eletrizantes.

Mas o que realmente nos interessa aqui hoje vai muito além disso. Nosso objetivo é tentar responder o que realmente aconteceria, na prática, se os seres humanos fossem extintos. E, tanto pelo título quanto pela nossa introdução, você já sabe que não se pareceria em nada com The Walking Dead, certo?

Agora, nós vamos explicar o por que, com a ajuda da galera do canal AsapScience.

Em poucos milhares de anos, o ser humano promoveu incontáveis mudanças no planeta Terra. De caçadores e coletores, nos transformamos em produtores, e com isso criamos um grande impacto que inclui desde o represamento de rios até a composição química da atmosfera.

Daí, de repente, nós desaparecemos da face da Terra, deixando um rastro de milhares de anos de intervenções. As primeiras semanas seriam completamente caóticas, as usinas elétricas deixariam de produzir eletricidade e as cercas elétricas deixariam de funcionar em fazendas fornecedoras de carne. Mais de 1,5 bilhão de vacas, quase 1 bilhão de porcos e mais de 20 bilhões de galinhas escapariam de seus cercados, desesperados por comida.

Sem os seres humanos para alimentá-los, parte deste gado morreria de fome ou se transformaria em comida para mais de meio bilhão de cães e um número próximo de gatos que teriam de se virar sozinhos.

Claro que muitas das raças chiques acabariam ficando doentes ou morreriam, especialmente porque a criação doméstica não os preparou para lidar com a vida selvagem e possíveis predadores, como lobos, coyotes e gatos selvagens, para citar alguns animais.

Outros animais que também dependem dos humanos, como ratos e baratas, também teriam suas populações radicalmente reduzidas. Alguns, como piolhos e chatos, desapareceriam completamente.

Avenidas famosas desapareceriam debaixo d’água, invadidas por rios. Sem bombas para escoarem a água, túneis ficariam cheios de água, enquanto outras ruas seriam tomadas pela vegetação, com ervas daninhas e trepadeiras, seguidas por outras plantas e árvores.

Antes disso, entretanto, muitas cidades desapareceriam com o fogo. Em alguns países, muitas casas ainda são feitas com madeira e sem nenhum bombeiro, bastaria um raio para iniciar um incêndio sem precedentes. Aquelas que sobrarem, sofrerão a ação do tempo e de cupins.

Um século depois, todas as construções de madeira terão praticamente desaparecido, enquanto estruturas de metal – de edifícios a pontes e carros – também estarão severamente deteriorados, uma vez que aço é feito de ferro e sem cuidados constantes, eles reagirão ao oxigênio da atmosfera e retornarão ao seu estado inicial de óxido de ferro. Ou simplesmente ferrugem.

Após algumas centenas de anos sem a presença de humanos na Terra, os animais que conseguiram não ser extintos deverão atingir uma população próxima ao que eram antes dos seres humanos retirá-los de seu habitat, mas sua distribuição pelo planeta estará alterada para sempre. Isso significa que camelos circularão pela Austrália, enquanto aves canoras da Europa tomarão os céus da América do Norte. Há ainda a possibilidade de animais antes confinados em zoológicos criarem novas populações.

A radiação emitida por celulares, satélites e rádios continuará se propagando mundo afora, mas o que realmente irá durar mais do que qualquer outra coisa é o nosso lixo. As ligações químicas que unem plástico e borracha vulcanizada são imunes à maioria das enzimas digestivas usadas por bactérias para quebrar polímeros naturais. O que sobrará, então, serão sedimentos de plástico e borracha.

É claro que em lugares com o clima mais seco – em desertos, por exemplo -, este processo todo será muito mais lento, devido a falta de umidade. Mas a pergunta que fica, no final das contas, é qual o legado da raça humana, caso aparecessem alienígenas por aqui para explorarem o planeta. Por enquanto, tudo o que temos é lixo. Será que não está na hora de mudar isso?