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À primeira vista, qual a sua reação ao ler a palavra “filosofia” no título deste texto?

Para muita gente, as palavras que vêm à mente são “chato”, “irrelevante”, “estranho” e, acredite, até mesmo “inútil”. Afinal, qual o sentido da filosofia (ou ainda, para que serve um filósofo)?

A explicação começa pela etimologia da palavra “filosofia”, que significa amigo (filo) da sabedoria (sofia). Em resumo, um filósofo não é apenas um cara que tem uma amiga chamada Sofia, mas um cara devotado à sabedoria.

E toda pessoa sábia tem um grande objetivo em comum: tentar viver e morrer bem. Opa, mas esse não é o objetivo de todos nós? Às vezes sim, às vezes não… mas se for o seu, você está no caminho certo para se tornar um sábio, meu jovem padawan.

É claro que há outras coisas que diferem os filósofos de outros, digamos, meros mortais.

A primeira delas é que filósofos não temem as grandes perguntas, como “qual o sentido da vida” ou ainda “para que serve um emprego” e outras coisas do tipo. A gente pode até se perguntar isso em algum momento, mas a dificuldade em encontrar uma resposta faz com que a maioria de nós desista dela.

Um filósofo, então, é alguém que não tem medo de fazer grandes perguntas e, principalmente, não desiste de procurar as respostas. Ele sabe que muitas destas respostas podem nos ajudar de diferentes formas a viver muito melhor. E sabe qual é o segredo de muitos deles? Quebrar uma grande pergunta em pequenas outras perguntas, e buscar a solução como se fosse peças de um enorme quebra-cabeças.

Outra coisa que diferencia os filósofos dos demais é que, além de questionadores, eles não aceitam uma resposta simples. Mais do que isso, eles não acreditam em tudo que dizem a eles e ignoram o senso-comum, buscando uma justificativa que explique o que foi dito.

Basicamente, eles tentam entender a lógica de diversos temas, em vez de simplesmente aceitar o que foi dito como sendo o certo só porque alguém disse que sim e tem sido desse jeito há muito tempo.

A gente não é lá muito bom em entender nossas próprias emoções e pensamentos, e isso às vezes pode ser um problema. A filosofia é uma ciência que propõe que a gente busque o autoconhecimento – ou como diria Sócrates (o filósofo, não o jogador de futebol) – Conhece-te a ti mesmo.

O que é felicidade? Você sabe o que te faz feliz? Infelizmente, a gente não é muito bom em sacar a felicidade, o que nos leva a valorizar determinadas coisas e subestimar outras e, consequentemente, fazer escolhas ruins.

Filósofos buscam sabedoria ao serem mais precisos em relação às atividades e atitudes que realmente podem tornas nossas vidas melhores.

Filósofos são muito bons em diferenciar o que importa do que não importa.

Ao ouvir que perdeu todos os seus bens em um naufrágio, o filósofo Zeno declarou que “o destino me obriga a ser um filósofo menos sobrecarregado”. São respostas como esta que tornaram a palavra “filósofo” um sinônimo para calma, raciocínio lógico e capacidade mental para colocar tudo em perspectiva.

Hoje, muito do conhecimento da filosofia nos chega por meio de livros, mas na antiguidade isso era feito em praças públicas, conversando com as pessoas, ou ainda aconselhando governantes.

Naquela época, inclusive, não era incomum ver filósofos na folha de pagamento de pessoas poderosas, já que a função era vista como algo básico e normal, diferente dos dias de hoje, quando parece algo surreal.

Não é nem que a gente renegue a filosofia. A gente só não tem nenhuma instituição que se responsabilize por disseminar a sabedoria de forma coerente.

Quem sabe, no futuro, isso não seja diferente?