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Lá se vão 120 anos desde que o cinema foi criado, e muita coisa mudou desde então em termos de criatividade, produção, orçamento e, principalmente, tecnologia.

Em se tratando de efeitos especiais, o maior salto se deu nos últimos 25 anos, quando os efeitos criados por computação gráfica começaram a substituir com maior frequência os efeitos especiais mais tradicionais, permitindo que os cineastas sonhassem cada vez mais alto.

E por mais que hoje alguns efeitos especiais pareçam bobos, na época em que eles foram criados para poder realizar a visão de algum diretor eles eram tão incríveis que passaram anos sendo repetidos.

A grande sacada é que, apesar de tantos efeitos feitos por computação gráfica à disposição, alguns diretores encontram o equilíbrio perfeito entre tecnologia e criatividade, tirando ótimas cartas da manga com os bons e velhos efeitos especiais analógicos.

Saca só uma breve história destes efeitos especiais com a ajuda de 10 filmes.

1. Viagem à Lua – 1902 – de Georges Méliès

Clássico dos clássicos, Viagem à Lua foi o primeiro filme a usar efeitos especiais – o que na época era traduzido por cenários, fantasias, adereços, fumaça e explosões -. Tudo para traduzir para a linguagem cinematográfica as ideias de HG Wells.

A trama narra a história de um grupo de cientistas que se lançam à lua por meio de um enorme canhão espacial. Por lá, eles enfrentam alienígenas, antes de voltar para a casa.

Hoje pode até parecer um pouco bobo, mas se a gente parar para pensar que em 1902 não havia nada com que se pudesse comparar, pode-se dizer que a obra foi bastante inovadora.

2. Metropolis – 1927 – de Fritz Lang

Outro título considerado uma obra de arte, Metrópolis influencia não só cineastas, mas diversos outros segmentos da cultura pop até os dias de hoje.

O legado deixado por esse filme se deve ao trabalho pioneiro de Eugen Schufftan, que além de criar uma cidade em miniatura que permitiu que a história fosse criada, ainda desenvolveu um processo que permitia que os atores interagissem com ela.

A grande sacada das miniaturas – algo que nos anos seguintes foi usado incontáveis vezes – é que ela permitia que os cineastas usassem a escala para criar objetos que parecessem enormes, sem a necessidade de fazer isso no tamanho natural. Isso sem contar na “construção” de cidades futurísticas.

Com a ajuda de espelhos – bastava colocar um espelho em um ângulo de 45 graus na frente da câmara para refletir a miniatura – e a iluminação certa, as cidades ganhavam vida.

3. O Mágico de Oz – 1939 – de Victor Fleming

Imagine pintar um ambiente que não existe e depois misturá-lo, sem recortes, ao filme na edição final. Hoje é fácil, graças a tecnologias como por exemplo o chroma key, mas e em 1939?

Foi o que fez a equipe de O Mágico de Oz, na cena em que Dorothy se aproxima da Cidade de Esmeralda. Candalario Rivas trabalhou para criar as imagens de fundo e cenários, utilizando uma técnica chamada pintura matte.

Hoje, a técnica ainda é utilizada, mas de forma digital – um exemplo de sua aplicação está no recente O Lobo de Wall Street. Mas fazer isso à mão, na raça… isso é outra história.

4. Jasão e os Argonautas – 1967 – de John Chaffey

Uma das formas mais antigas de animação é o stop-motion, com registros de ter sido utilizada a partir de 1898. A técnica também foi importante para a versão de 1933 de King Kong, mas só entraria para a cartilha de efeitos especiais 34 anos depois, graças a Ray Harryhausen em Jasão e os Argonautas.

A importância desta técnica é enorme, não só para cineastas amadores, mas também para grandes nomes da indústria cinematográfica como John Lasseter, Wes Anderson, Steven Spielberg, George Lucas, Peter Jackson e Tim Burton, entre outros.

5. Tubarão – 1975 – de Steven Spielberg

O que é preciso para tornar um filme sobre tubarões um verdadeiro sucesso? Para Steven Spielberg, diretor de Tubarão, a resposta era óbvia: um tubarão perfeito.

A tarefa de construir um tubarão animatrônico que funcionasse no mar era considerada impossível, até que Bob Mattey foi lá e fez. O robô era considerado uma maravilha da engenharia, de tão à frente de seu tempo que era.

O problema é que, apesar de incrível, o tubarão falso tinha lá seus problemas, o que ocasionou em grandes atrasos nas filmagens. Para compensar isso, Spielberg trabalhou dobrado para que o título fosse um sucesso.

Alguém aí duvida que ele conseguiu?

6. Um Lobisomem Americano em Londres – 1981 – de John Landis

Em 1981, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas incluiu uma nova categoria no Oscar: melhor maquiagem. E o vencedor daquele ano? Rick Baker com Um Lobisomem Americano em Londres.

A transformação do personagem ainda é considerada uma das melhores sequências do cinema, e conta com uma veracidade que os efeitos de computação gráfica ainda não conseguiram captar.

7. O Parque dos Dinossauros – 1991 – de Steven Spielberg

Olha o Spielberg aqui mais uma vez.

Em O Parque dos Dinossauros, o diretor resolveu ultrapassar os limites mais uma vez com efeitos especiais e animatronics.

Apesar de utilizar um pouco de computação gráfica – na época ainda uma novidade – o que chamou a atenção mesmo foi o design e manipulação dos robôs, tarefa que coube a Stan Winston.

O T-Rex, por exemplo, media 6 metros de altura e 12 metros de comprimento, pesando 8 toneladas.

8. Waterworld – 1995 – Kevin Reynolds

Fracasso de público e crítica, Waterworld custou US$ 175 milhões.

Grande parte desta grana foi dedicada à construção de um cenário real, o que incluiu uma ilha de 1 mil toneladas no Oceano Pacífico.

Hoje, muitos cineastas preferem criar cenários usando a computação gráfica, certamente muito mais barato, mas não tão real.

9. O Senhor dos Anéis – 2001 a 2003 – de Peter Jackson

A trilogia baseada na obra de J.R.R. Tolkien tem, entre outros méritos, o fato de ter casado perfeitamente os efeitos especiais analógicos com os de computação gráfica. Ao mesmo tempo em que temos a captura de movimentos do Gollum, também temos a utilização pontual de armaduras, armas, criaturas, miniaturas e próteses.

Tudo isso trouxe um toque de verossimilhança muito importante aos filmes, dando a impressão de que aquele mundo imaginado primeiro por Tolkien e reimaginado por Jackson realmente existe.

10. Star Wars – O Despertar da Força – 2015 – de J.J. Abrams

Um dos filmes mais esperados de 2015, O Despertar da Força parece ter anunciado o início de uma nova era para os efeitos especiais analógicos. JJ Abrams optou por voltar ao básico, deixando de lado o uso excessivo de computação gráfica (muito criticado nos episódios I, II e III) e apostou no uso de próteses, maquiagem e robôs.

A gente torce para que essa filosofia seja mantida nos próximos filmes da franquia.