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Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante, um cineasta chamado George Lucas resolveu mergulhar em um projeto tido como uma verdadeira loucura: criar uma saga de ficção científica chamada Star Wars.

Hoje, 6 filmes depois e o sétimo chegando aos cinemas, não é loucura nenhuma dizer que Star Wars é um dos maiores produtos transmídia de que se tem notícia, quer você curta ou não a trama que gira em torno de Luke Skywalker, Darth Vader, Yoda, Han Solo, Princesa Leia e outros personagens que passaram a fazer parte da cultura pop – e também do nosso imaginário.

Imaginação não faltou, também, para os engenheiros e cientistas que se inspiraram nessa saga para realizar suas pesquisas. E não foram poucos, da astronomia à psicologia.

Para muitos deles, uma saga como Star Wars pode ser considerada a maior ferramenta de ensino da galáxia. “Se você pode pegar alguma coisa de um filme e encontrar algo cientificamente legítimo, há esse estalo, este a-ha!”, diz Jim Kakalios, físico da Universidade de Minnesota.

Estrela da Morte

Em Uma Nova Esperança, Luke Skywalker destroi a primeira Estrela da Morte. O Império Galáctico, então, constroi uma nova estrutura, que aparece em O Retorno de Jedi. Se você já se perguntou qual seria o investimento para a construção desta estrutura, o site Centives fez o cálculo: US$ 852.000.000.000.000.000. Isso corresponde a 13 mil vezes o PIB do planeta Terra, isso sem contar o investimento em armas e tecnologia.

Mas o fascínio pela Estrela da Morte vai além da economia. Guy Walker, professor de engenharia civil da Heriot-Watt University, na Escócia, desafiou seus alunos a analisarem as falhas no projeto que resultariam em sua destruição. Para isso, ele usou os planos de um manual técnico oficial e deu aos estudantes 4 dias – o mesmo tempo que a Aliança Rebelde teve – para testarem duas técnicas para encontrar problemas.

A primeira relacionou as falhas de cada componente do sistema, enquanto a segunda visualizava a estação como uma rede abstrata, definindo suas vulnerabilidades a partir de hubs especialmente conectados ou localizados.

Os resultados foram mistos. A primeira técnica falhou em detectar a brecha encontrada pelos Rebeldes, uma saída térmica do tamanho do buraco de um rato, além de os alunos terem levado 10 dias para chegar a esta conclusão. Já a segunda identificou a brecha rapidamente, além de detectar um sistema de defesa falho em caso de guerra biológica.

A conclusão foi que R2-D2 poderia ter sido usado para inserir um vírus de computador nos computadores do Império Galáctico, o que teria sido bastante eficiente.

Medicina

Quem não se lembra da luta entre Luke Skywalker e Darth Vader, em O Império Contra-Ataca, quando o Lorde Sith revelou ser o pai do jovem piloto? Foi nesse momento, também, que Vader cortou a mão de Luke.

O próprio Vader também teve sua cota de ferimentos. Em A Vingança dos Sith, vemos Obi-Wan Kenobi deixar seu aprendiz à beira da morte, sem braços, pernas e com o corpo quase todo queimado. Foi assim que o vilão ganhou os icônicos capacete e armadura.

E aquela respiração, então? Ela foi usada pelos médicos Ronan Berg e Ronni Plovsing, do Hospital Universitário Rigshospitalet, na Dinamarca, para ensinar estudantes de medicina a diagnosticar doenças respiratórias, uma vez que o Lorde Sith parece ter todas elas.

A conclusão aqui foi que os problemas respiratórios de Vader são o resultado da inalação de gás quente e partículas vulcânicas em Mustafar. Seus pulmões sofrem de uma inflamação crônica, com o tecido engrossado e endurecido por cicatrizes.

A armadura seria, então, uma câmara hiperbárica criada para forçar o pulmão para seus pulmões. Por outro lado, os médicos declaram que teriam optado por um transplante de pulmão.

A psicologia de Darth Vader

Os personagens de Star Wars também têm auxiliado psiquiatras a explicarem algumas características de doenças mentais a estudantes. “Estes são personagens arquétipos aos quais todos podem se relacionar”, diz Ryan C.W. Hall, psiquiatra forense da University of Central Florida College of Medicine.

A transformação de Anakin Skywalker em Darth Vader é o que chama mais atenção da literatura especializada. Para uma equipe de psiquiatras franceses liderados por Eric Bui, o jovem Jedi demonstrava sinais de transtorno de personalidade limítrofe, condição marcada pela dificuldade de interagir socialmente, comportamento impulsivo e humor instável.

O diagnóstico é controverso – afinal, é muito difícil diagnosticar de forma acurada um personagem. Ainda assim, é um exemplo que pode funcionar no ambiente acadêmico.

Jabba, o psicopata

E se Vader sofre de transtorno de personalidade limítrofe, o que dizer de outros heróis e vilões da saga?

Jabba the Hutt, por exemplo, revela sinais de uma psicopatia clínica, segundo Hall e Susan Hatters Friedman, da Universidade de Auckland. Lando Calrissian seria viciado em jogo, enquanto a versão mais velha de Obi-Wan Kenobi demonstrava traços sutis da depressão entre os idosos.

Já no Emperador Palpatine não foi detectada nenhuma doença psicológica que pudesse justificar sua crueldade e desejo por poder. “Quando você observa coisas horríveis que acontecem, algumas vezes queremos dizer que todos os problemas estão relacionados às doenças mentais. Mas pessoas com doenças mentais geralmente são vítimas de violência, e não aqueles que a cometem”, diz Hall.

Onde está Tatooine?

Tatooine

Quem não se lembra do belo pôr do sol duplo de Tatooine? O planeta onde Luke Skywalker foi criado é definido como circumbinário, ou seja, gira ao redor de 2 estrelas.

No mundo real, astrônomos têm tentado encontrar planetas como Tatooine, o que rendeu o projeto The Attempt To Observe Outer-planets In Non-single-stellar Environments (Tatooine) – ou tentativa de observar exoplanetas em ambientes circumbinários.

Por enquanto, o projeto detectou espectros de luz de estrelas binárias, apesar de ainda não haver uma identificação de um planeta como Tatooine. Ainda assim, a busca por exoplanetas feitas pelo Telescópio Espacial Kepler confirmou que eles existem.

Com um universo tão vasto, é impossível dizer o que há por lá.

Via.